Acervo, Rio de Janeiro, v. 35, n. 2, maio/ago. 2022

Organização do conhecimento em arquivos | Dossiê temático

A organização do conhecimento arquivístico

A emergência de uma comunidade discursiva brasileira

The archival knowledge organization: the rise of a Brazilian discursive community / La organización del conocimiento archivístico: el surgimiento de una comunidad discursiva brasileña

Amanda Marissa Soares da Silva

Mestra em Ciência da Informação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Brasil.

amandamarissa1@gmail.com

Natália Tognoli

Doutora em Ciência da Informação pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). Professora adjunta no Departamento de Ciência da Informação e no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal Fluminense (UFF), Brasil.

nataliatognoli@id.uff.br

RESUMO

O artigo analisa a formação da comunidade discursiva brasileira enquanto uma elite de pesquisa na organização do conhecimento arquivístico. Discute a relação entre a arquivologia e a organização do conhecimento a partir da análise das temáticas arquivísticas presentes nos eventos da International Society for Knowledge Organization, reconhecendo o papel precursor de uma comunidade discursiva brasileira para o estabelecimento e reconhecimento da arquivologia enquanto parte dos estudos da organização do conhecimento.

Palavras-chave: organização do conhecimento arquivístico; comunidades discursivas; International Society for Knowledge Organization.

ABSTRACT

The article analyzes the rise of a Brazilian discursive community as a research elite in the archival knowledge organization. It discusses the relationship between archival science and knowledge organization from the analysis of archival themes within the International Society for Knowledge Organization proceedings, recognizing the seminal role of the Brazilian discursive community to the setting and recognition of archival science studies as part of knowledge organization.

Keywords: archival knowledge organization; discursive communities; International Society for Knowledge Organization.

RESUMEN

El artículo analiza la formación de la comunidad discursive brasileña como una élite de investigación en la organización del conocimiento archivístico. Discute la relación entre archivística y organización del conocimiento a partir del análisis de temas archivísticos presentes en los eventos de la International Society for Knowledge Organization, reconociendo el rol precursor de una comunidad discursiva brasileña para el establecimiento y reconocimiento de la archivística como parte de los estudios de organización del conocimiento.

Palabras clave: organización del conocimiento archivístico; comunidad discursiva; International Society for Knowledge Organization.

Introdução

A organização do conhecimento (OC) enquanto um marco teórico conceitual dentro da ciência da informação (CI) caracteriza-se como um espaço qualificado para a construção de discursos especializados que visam elaborar referenciais teóricos e metodológicos para organizar e representar o conhecimento produzido e disseminado pela sociedade (Esteban Navarro; Garcia Marco, 1995).

Esses estudos contemplam diálogos interdisciplinares entre as mais variadas áreas, como a ciência da informação, a arquivologia, a biblioteconomia, a linguística, a matemática, entre outras, que visam à organização de um conhecimento concebido, segundo Guimarães (2008), a partir de um processo informativo helicoidal, segundo o qual um conhecimento é produzido, registrado, organizado, socializado e apropriado, gerando um novo conhecimento que também passará pelo mesmo movimento, constituindo um fluxo helicoidal de informações infinito.

No entanto, especificamente no que tange aos estudos da informação, até meados da década de 1980, as relações da OC limitavam-se à biblioteconomia e à ciência da informação, desconsiderando os estudos relacionados aos arquivos, seus documentos e disciplina. Isso se deve, em parte, ao próprio objeto da disciplina arquivística – cujo status científico data do século XIX, definido como o conjunto de documentos produzidos e/ou reunidos por uma pessoa física ou jurídica no decorrer de uma atividade específica.

No final do século XX, portanto, observa-se uma aproximação entre a OC e a arquivologia, notadamente quando os arquivos passam a ser concebidos como sistemas de informação, a partir de uma perspectiva pós-custodial, compartilhando o propósito de organizar um conhecimento específico produzido e registrado pela sociedade, de maneira que permita sua portabilidade no espaço e sua permanência no tempo e, como consequência, a promoção de seu acesso. Aos arquivos é dado um novo poder, o de servir a um papel crítico em seus meios sociais, preservando e disseminando o conhecimento coletivo de suas culturas, a exemplo das bibliotecas (Smiraglia, 2014).

Não obstante, apesar da recente aproximação, deve-se observar que a arquivologia sempre organizou seu conhecimento a partir de princípios e conceitos específicos, a exemplo dos princípios da proveniência e da ordem original, tendo o contexto de produção como uma bússola a ser seguida nos caminhos da organização.

Considerando essa relação entre OC e arquivologia, Silva (2021) identificou uma comunidade discursiva emergente, notadamente no contexto brasileiro, cujos autores advogam a favor de uma aproximação entre ambas, seja a partir de uma incorporação dos estudos da OC na arquivologia (Barros; Sousa, 2019; Alencar; Cervantes, 2017), seja a partir de uma identificação dos processos arquivísticos como parte da OC (Tognoli; Guimarães, 2019).

Nesse contexto, o presente artigo tem por objetivo evidenciar a relação entre a OC e a arquivologia, analisando a presença das temáticas arquivísticas na literatura científica produzida nos eventos da Isko, a partir de uma investigação de domínio, buscando caracterizá-lo, além de compreender como interagem os membros dessa comunidade discursiva emergente.

Para fins deste trabalho, considera-se a definição de Mai (2005, p. 605), segundo a qual um domínio é caracterizado como uma “área de especialidade, um conjunto literário ou um grupo de pessoas trabalhando juntas numa organização”, enquanto uma comunidade discursiva é definida por Hjørland e Albrechtsen (1995, p. 400) como “distintos grupos sociais sincronizados em pensamento, linguagem e conhecimento, constituintes da sociedade moderna”.

No que tange aos procedimentos metodológicos, parte-se de uma análise de domínio combinando as abordagens epistemológica e histórica a partir de uma pesquisa exploratória e descritiva, de natureza qualiquantitativa, nos anais dos eventos internacionais da International Society for Knowledge Organization (Isko) e de três capítulos nacionais e regionais: o Capítulo Norte-Americano (North American Symposium on Knowledge Organization – Nasko), que reúne os países Canadá e Estados Unidos da América; o Capítulo Ibérico, que reúne Portugal e Espanha; e o Capítulo Brasileiro.

Destaca-se que a escolha pela Isko – criada em 1989, por Ingetraut Dahlberg, como Society for Classification – se deu por ser uma sociedade científica internacional dedicada exclusivamente ao desenvolvimento de teorias e metodologias voltadas para OC, abrangendo as discussões sobre os processos (catalogação, análise de assunto, classificação, indexação, entre outros) e sistemas de organização (sistemas de classificação, tesauros, ontologias, dentre outros). Sobre os países, justifica-se a escolha por demonstrarem forte produção científica na área, bem como um alto nível de preocupação com as questões teóricas concernentes à OC.

A arquivologia na organização do conhecimento: aproximações preliminares

As bases teóricas da OC advêm dos estudos bibliográficos, sofrendo forte influência da biblioteconomia. Segundo Arboit (2014), essa relação se faz presente notadamente devido à criação e aos instrumentos de organização bibliográfica pelos bibliotecários. Tais instrumentos foram considerados durante anos como uma forma legítima de representação do conhecimento, tidos pela academia como “as primeiras iniciativas de organização do conhecimento registrado e armazenado nas bibliotecas” (Arboit, 2014, p. 104). Porém, com o passar dos anos, a OC volta seu olhar aos outros campos do saber.

Segundo Hjørland (2008), a OC divide-se em sistemas de organização do conhecimento (SOC) e processos de organização do conhecimento (POC), considerados o sentido amplo e o sentido restrito, respectivamente. Assim, no sentido amplo ocorre a divisão social mental do trabalho, ou seja, as pesquisas. Já no sentido restrito estão as atividades de descrição, indexação e classificação de documentos (Hjørland, 2008). Dessa maneira, o sentido amplo justifica a formação do conhecimento básico para a organização do conhecimento no sentido mais restrito.

Desse modo, a organização do conhecimento se refere à natureza e à qualidade dos POC e dos SOC “usados para organizar documentos, representações de documentos, palavras e conceitos” (Hjørland, 2008, p. 86, tradução nossa).

Os sistemas de organização do conhecimento são concebidos para auxiliar a OC, como uma ferramenta (Mazzocchi, 2018), sendo um termo genérico usado para se referir a vários itens como cabeçalhos de assuntos, tesauros, esquemas de classificação, planos de classificação, quadros de arranjo, normas de descrição e ontologias, os quais foram concebidos para diferentes propósitos, em momentos históricos distintos.

No que tange aos processos de organização do conhecimento, esses são compreendidos como a catalogação, a análise de assunto, a indexação, a classificação e a descrição.

Portanto, uma vez advindas da biblioteconomia, as práticas de organizar o conhecimento estabeleceram-se em instrumentos que visavam primeiramente ao conteúdo do documento, mais especificamente seu assunto. Para a arquivologia, no entanto, a organização dos documentos é realizada tendo como base seu contexto. Nesse sentido, os documentos são organizados de acordo com o conjunto documental ao qual pertencem, respeitando, assim, sua proveniência e ordem original, dois princípios fundamentais da teoria e prática arquivística.

Dessa feita, considerando que a OC tem suas bases na biblioteconomia e que esta, por sua vez, utiliza o assunto e o conteúdo para organizar e representar o conhecimento, como a arquivologia, considerada a ciência dos contextos, poderia convergir com a OC?

A resposta está na definição do conhecimento arquivístico, cunhado primeiramente por Tognoli, Guimarães e Tennis (2013, p. 2019) como “todo o conhecimento produzido sobre uma pessoa ou entidade específica e agrupada em um fundo”. Essa definição foi verticalizada por Tognoli, Rodrigues e Guimarães (2019) a partir da teoria do conceito de Dahlberg, sendo definido como aquele conhecimento que

pode ser concebido a partir do conceito de fundo (sobre o qual incidirão todos os processos de organização), caracterizado a partir da reunião e análise de documentos produzidos por uma mesma pessoa ou instituição, com base no método diplomático enquanto suporte para a metodologia da identificação arquivística. [...]. Assim, considera-se que o conhecimento arquivístico define-se a partir da reunião de três facetas indivisíveis nas quais o vínculo arquivístico está contemplado. (Tognoli; Rodrigues; Guimarães, 2019, p. 71-72)

Observa-se, portanto, que enquanto a OC, na biblioteconomia, lida com o assunto dos documentos, na arquivologia visa ao contexto de produção do documento em um panorama maior, valendo-se dos princípios da proveniência e da ordem original para organizar documentos únicos advindos de uma acumulação natural e com uma função probatória (Tognoli; Milani; Guimarães, 2017).

A definição do conceito de conhecimento arquivístico é fundamental para que a organização desse conhecimento específico seja realizada com base na natureza dos documentos de arquivo, que é diferente dos documentos bibliográficos.

Segundo Barros e Sousa (2019), enquanto para a biblioteconomia o conteúdo e sua representação são as maiores preocupações na aplicação dos sistemas e processos de OC, no caso dos arquivos o contexto deve ser o elemento central, visto que, ao respeitá-lo, os princípios arquivísticos, especificamente a proveniência, a qual é a base fundamental para a classificação e a descrição – consideradas os eixos centrais da organização do conhecimento arquivístico (OCA) –, serão respeitados.

Nesse sentido, ao compreender as funções arquivísticas da classificação e descrição como processos de organização do conhecimento arquivístico, a arquivologia e a OC aproximam-se, e sua relação é naturalizada.

Sobre os sistemas e processos de OCA, Barros e Sousa (2019, p. 84) afirmam que a classificação arquivística funcional está pacificada na arquivologia como um “sistema de organização profundamente formalizado [...] com aspectos semânticos na sua estruturação, possibilidades de normalização e é parte de um processo intercambiado [...]”. E que “podem e devem ser complementados por taxonomias, ontologias, índices e outras formas estruturadas e relacionadas de SOC”.

Ainda segundo os autores, “a descrição arquivística busca informações relevantes para entender as relações entre a identidade dos documentos e sua integridade enquanto prova de uma atividade, buscando construir sistemas de representação arquivísticos” (2019, p. 86). Os autores entendem que a classificação e a descrição são basilares para o aprofundamento e estabelecimento das relações entre a OC e a OCA.

Alencar e Cervantes (2017) introduzem na discussão os estudos de vocabulários controlados e a elaboração de tesauros funcionais para a organização do conhecimento arquivístico, defendendo um vocabulário controlado de funções coerente com o princípio da proveniência e o contexto de produção dos documentos. Ainda, segundo elas, os tesauros funcionais, no âmbito da organização do conhecimento arquivístico, possibilitam visualizar a função que deu origem ao documento, bem como dar acesso à informação, enquanto um plano de acesso complementar (Alencar; Cervantes, 2017).

Para Guimarães e Tognoli (2015), a OC na biblioteconomia e na ciência da informação difere-se da OC na arquivologia, pois enquanto na primeira relaciona-se ao conteúdo extraído para os sujeitos, na segunda relaciona-se ao conteúdo extraído para a identificação e representação da proveniência, nas quais são estabelecidos o respeito aos fundos e a sua relação orgânica.

A organização do conhecimento nutre ambas as áreas e são complementares, pois enquanto a arquivística organiza prioritariamente para testemunhar a produção documental a partir do princípio da proveniência, a biblioteconomia organiza para promover o acesso e a apropriação da informação a partir dos princípios que envolvem o uso ou a demanda das suas comunidades de usuários. (Tognoli; Milani; Guimarães, 2017, p. 683).

Contudo, algumas pesquisas apontam para uma aproximação dos SOC da biblioteconomia sendo “adaptados/incorporados” para a arquivologia, conforme demonstra o estudo de Lehmkuhl et al. (2019).

Outros estudos recentes como, por exemplo, Bak, Allard e Ferris (2019), Souza (2019) e Chen (2019), trazem a perspectiva do domínio arquivístico para a OC.

Bak, Allard e Ferris (2019) defendem um “arquivo participativo”, com a comunidade colaborando no processo de descrição de seus documentos, e ressaltam sua forma de efetivação ao acesso aos documentos, como meio de garantia de direitos sociais, na inserção participativa da comunidade no processo de descrição. Tais iniciativas, recorrentes nos ambientes digitais, permitem que arquivistas e usuários se intercalem na construção do conhecimento acerca do arquivo, ou seja, que usuários de comunidades possam contribuir com a descrição de documentos em ambientes dinâmicos.

No entanto, os autores chamam a atenção para a subjetividade que esses processos podem acarretar e acreditam que a OC poderia auxiliar na construção de conhecimento para a resolução dessas questões, haja vista que o tema vem sendo constantemente tratado na literatura da OC, principalmente no âmbito da biblioteconomia, destacando-se os trabalhos de Olson (1998), Guimarães (2017), Adler e Tennis (2013), entre outros.

Souza (2019) apresenta uma investigação do uso do vocabulário controlado como ferramenta de representação da informação, aplicado às instituições com acervos arquivísticos no Rio de Janeiro, observando, sobretudo, o impacto causado pelas tecnologias de informação nesses acervos. A autora considera o uso de vocabulários controlados para os arquivos “como ferramentas representacionais, com vista à construção de melhores instrumentos de classificação arquivística, descrições e sistemas de recuperação de informação mais eficientes” (Souza, 2019, p. 556, tradução nossa), buscando obter êxito nas demandas do atendimento aos usuários.

A autora Shu-Jiun Chen (2019) aproxima arquivologia, organização do conhecimento e tecnologia ao explorar os métodos de enriquecimento semântico dos documentos arquivísticos na web, com buscas a garantir, dentre outras coisas, que a informação contextual dos documentos de arquivo seja mantida durante uma tarefa dos dados abertos vinculados (linked open data – LOD). Chen propõe a criação de uma ontologia para a representação do fundo Cheng-po’s Paintings and Documents (CCP), presente na base de dados dos arquivos do Instituto de História de Taiwan, a partir do modelo Skos, garantindo a preservação da estrutura hierárquica e do contexto dos documentos de arquivo, bem como sua interoperabilidade entre sistemas e instituições.

Compreende-se, por fim, que algumas ferramentas da OC advindas da biblioteconomia são “reinterpretadas” na arquivologia, e que alguns autores defendem essas aproximações, enquanto outros acreditam que a organização do conhecimento arquivístico possui, sim, os seus próprios SOC e POC.

Uma vez definido o conhecimento sobre o qual incidirão os processos e sistemas de organização do conhecimento, a aproximação entre as áreas poderá ser feita de forma segura, respeitando-se as especificidades do contexto de produção dos documentos de arquivo, permitindo que a arquivologia se beneficie dos estudos já consolidados da área de OC, em especial aqueles relacionados aos dilemas éticos nos processos de organização e representação do conhecimento (Fox; Reece, 2012; Milani; Pinho, 2012), à indexação (Albretchtsen, 1993; Fujita, 2003) e aos formatos e padrões interoperáveis para representação de dados (Zeng, 2019), para mencionar apenas alguns.

Nota-se, assim, um esforço de aproximação entre as áreas na última década, quando vários autores passam a defender essa relação, emergindo uma comunidade discursiva comprometida com uma relação que se demonstra profícua para ambos os lados.

Essa comunidade discursiva emergente concentra-se majoritariamente no contexto das publicações da Isko, conforme demonstram os estudos de Silva (2021) e Silva; Tognoli (2019), configurando uma elite de pesquisa em OC.

Percurso metodológico

Considerando que o presente trabalho tem como objetivo evidenciar a relação entre a OC e a arquivologia, analisando a presença das temáticas arquivísticas na literatura científica produzida nos eventos da Isko, partiu-se, primeiramente, da análise das conferências internacionais da Isko, Advances in Knowledge Organization, seguindo uma cronologia do evento mais antigo para o mais recente (dos anos de 1990 a 2020), totalizando 16 conferências, com 1.013 trabalhos publicados.

Em seguida, foram analisados o Capítulo Norte-Americano (de 2007 a 2019), com sete conferências e 114 trabalhos publicados, seguido pelo Capítulo Ibérico (de 1993 a 2019), com 15 conferências e 831 trabalhos publicados e, por fim, o Capítulo Brasileiro (de 2011 a 2019), com cinco conferências e 267 trabalhos publicados.

A partir desse corpus de pesquisa, foram resgatados os trabalhos publicados nos eventos, utilizando-se a análise de domínio (AD) enquanto uma metodologia de pesquisa que vem ganhando espaço no campo científico, atuando tanto para fins teóricos quanto metodológicos, numa abordagem social. Segundo Guimarães e Tognoli (2015, p. 563, tradução nossa), “a AD é uma abordagem importante para caracterizar e avaliar a ciência, pois permite identificar as condições para a construção e socialização do conhecimento científico”. A AD estuda as comunidades de discurso, percebendo como esse discurso se deriva por meio da compreensão da informação.

Considera-se que entender um domínio específico do conhecimento permite identificar elementos para a escolha de teorias e métodos singulares e específicos para o tratamento daquele domínio. Nesse sentido, ao buscar compreender a presença das temáticas arquivísticas nos anais da Isko por meio de uma análise de domínio, têm-se subsídios para caracterizar uma comunidade de pesquisadores envolvida na construção de uma base epistemológica, com uma estrutura discursiva específica, para a fundamentação dos estudos arquivísticos no âmbito da OC.

Apresentação e análise dos dados

Na presente seção apresentam-se os dados coletados e analisados nos anais dos congressos internacionais, nacionais e regionais da Isko, com base nos resultados das buscas por trabalhos com temáticas arquivísticas nos títulos, resumos e palavras-chave (a partir da incidência dos radicais “arch” ou “arqu”) nos idiomas português, inglês e espanhol.

A busca na série Advances in Knowledge Organization, produto dos eventos da Isko Internacional, retornou trinta artigos (2,9%) entre os anos de 1990 e 2020, escritos por 64 pesquisadores de várias nacionalidades. O Capítulo Norte-Americano possui 114 artigos publicados (de 2007 a 2019), com apenas três trabalhos na temática arquivística (2,6%), escritos por quatro autores brasileiros e dois norte-americanos. No Capítulo Ibérico, dos 831 trabalhos publicados entre 1993 e 2019, identificaram-se 52 trabalhos com temáticas arquivísticas, escritos por 85 pesquisadores de quatro nacionalidades: Portugal, Espanha, Cuba e Brasil. No Capítulo Brasileiro, dos 267 trabalhos publicados, foram identificados 22 artigos com temáticas arquivísticas (8,2%), escritos por 44 pesquisadores (apenas um estrangeiro).

Concluída a recuperação dos dados, foram categorizadas as temáticas mais recorrentes nos artigos a partir da leitura dos títulos, resumos e palavras-chave. Para tanto, foram identificadas as categorias temáticas macro e, em seguida, dentro de cada uma delas, foram identificados os subtemas, ou seja, as temáticas específicas ligadas a cada uma das categorias macro identificadas, conforme demonstra o Quadro 1:

Quadro 1 – Categorias temáticas e subtemas

Categorias temáticas macro

Subtemas

Sistemas de organização e representação do conhecimento

Planos de classificação arquivística, normas de descrição arquivística, tesauros, ontologias, modelos conceituais, terminologias; linguagens documentais; folksonomias

Processos de organização e representação do conhecimento

Classificação arquivística; descrição, indexação, ordenação, representação temática, recuperação da informação; classificação decimal universal; controle de autoridade; organização de documentos fotográficos; análise de assunto

Tecnologias da informação (TI)

Web semântica, linked open data, interoperabilidade, documentos digitais, objetos informacionais, esquema de metadados, ciência forense digital; autenticidade; web 2.0

Teorias

Diplomática, arquivística, arquivística pós-moderna, arquivística integrada, manuais de arquivologia, identificação arquivística, arquivos pessoais, princípios arquivísticos, teoria do conceito, análise do discurso, gestão de documentos; semântica textual, linguística, análise de domínio

Formação e atuação profissional

Ética; ensino da classificação; formação do profissional da informação; formação acadêmica

Acesso

Transparência, accountability

Usos e usuários

Mediação; disseminação da informação

Políticas de organização

Políticas de classificação

Fonte: elaborado pelas autoras, 2021.

Os artigos foram categorizados segundo as dimensões de pesquisa da Isko: epistemológica, aplicada, e social e política.

Com o intuito de ilustrar as temáticas arquivísticas mais recorrentes nos eventos da Isko, e com base nas análises previamente realizadas dos capítulos, apresenta-se, a seguir, a nuvem de palavras referente às temáticas arquivísticas, na Figura 1.

Figura 1 – Nuvem de palavras das temáticas arquivísticas nos eventos da Isko. Fonte: elaborado pelas autoras a partir da ferramenta wordart.com, 2021.


A partir da análise da nuvem de palavras, é possível perceber que as temáticas voltadas à OCA – classificação e descrição – são as mais recorrentes, como era o esperado, seguidas por teoria arquivística, diplomática e tipologia documental, e arquivos pessoais, conforme demonstramos no Quadro 2:

Quadro 2 – Temáticas arquivísticas mais recorrentes nos trabalhos da Isko

Temas e subtemas

Recorrência nos trabalhos analisados

Descrição arquivística

39 artigos

Classificação arquivística

39 artigos

Teoria arquivística

21 artigos

Diplomática e tipologia documental

17 artigos

Arquivos pessoais

11 artigos

Fonte: elaborado pelas autoras, 2021.

Não é surpresa que os POC classificação e descrição sejam as duas temáticas mais recorrentes, haja vista serem processos nucleares da OC e que deveriam necessariamente figurar como temas principais nos trabalhos analisados. A temática da teoria arquivística como sendo a terceira mais recorrente evidencia a intenção dos autores de discutir as questões epistemológicas da arquivologia em um espaço interdisciplinar como a Isko, o que demonstra que a comunidade de autores da arquivologia reconhece o aporte teórico e metodológico da OC para os estudos arquivísticos.

Corroborando para o entendimento da Isko como um espaço interdisciplinar de troca de conhecimento, tem-se a diplomática e os estudos da tipologia documental como um dos temas mais recorrentes, especialmente ligados aos trabalhos de autores brasileiros, o que permite concluir que há uma comunidade discursiva na Isko que debate o aporte da teoria e do método diplomático aos POC.

Da mesma forma, a presença da temática arquivos pessoais evidencia que há um entendimento dos autores de que a organização desses arquivos também não prescinde dos estudos da OC.

As temáticas sobre os estudos das tecnologias da informação na organização e recuperação dos documentos digitais, como linked open data, web 2.0, web semântica, linked data, documento digital e interoperabilidade, também estão presentes, ainda que em menor quantidade, mas devem ser consideradas fundamentais para as discussões sobre a arquivologia na contemporaneidade.

Por fim, a análise dos dados permitiu identificar que a temática arquivística está presente nos trabalhos da Isko de forma muito tímida, uma vez que de 2.225 trabalhos publicados nos anais, apenas 107 tratam do tema (4,8%). No entanto, nota-se que o número de trabalhos vem aumentando, expandindo os temas para além dos POC e SOC, incluindo os arquivos pessoais, a diplomática e as tecnologias da informação. Nesse sentido, observa-se um aumento significativo dos trabalhos sobre as temáticas arquivísticas nos últimos dez anos, com destaque para o ano de 2020, na AKO, com 11 trabalhos, para o ano de 2017 no Capítulo Ibérico, com 18 trabalhos, e no Capítulo Brasileiro com 12 trabalhos, no ano de 2019.


Figura 2 – Gráfico dos indicadores de publicações da comunidade discursiva sobre a organização do conhecimento nos arquivos em relação aos anos. Fonte: elaborado pelas autoras, 2021.


No que tange às abordagens, foi observado um equilíbrio de publicações com temáticas arquivísticas entre a aplicada (51 trabalhos) e a epistemológica (49 trabalhos). Em contraposição, a abordagem política e social não chega a 9% dos artigos, o que evidencia a pouca atenção dada por essa comunidade discursiva às questões sociais e políticas.

A fim de compreender o domínio circunscrito neste trabalho, qual seja, o conjunto de publicações produzidas no contexto da Isko enquanto um lócus privilegiado de pesquisa e desenvolvimento da OC, parte-se, a seguir, para uma análise dos autores mais produtivos sobre as temáticas arquivísticas no domínio circunscrito, a fim de definirmos a elite de pesquisa em OCA no contexto da Isko, configurando-se também como uma comunidade discursiva emergente no âmbito da OCA.

Tem-se, portanto, o total de 162 autores que publicaram pelo menos um artigo sobre as temáticas arquivísticas em um dos corpus analisados. Para fins de caracterização da elite de pesquisa neste estudo, em um primeiro momento aplicaram-se os estudos da bibliometria, especificamente a Lei de Elitismo de Price, segundo a qual a elite de pesquisa em determinado campo pode ser identificada a partir da raiz quadrada do número total de autores. Segundo Alvarado (2009, p. 70), a Lei de Price “estabelece que a raiz quadrada de todos os autores produtores de literatura em determinado campo produzirá, quando menos, a metade de todos os artigos publicados pela população de autores estudados”.

Nesse contexto, chegou-se ao número de 12,7 autores e optou-se por arredondar para mais, definindo 15 autores mais produtivos no campo da OCA, considerando aqueles que publicaram pelo menos três artigos, conforme demonstrado no Quadro 3 a seguir:

Quadro 3 – Autores mais produtivos, instituições de origem e publicações nos eventos da Isko

Autor

Filiação

N. de publicações

Thiago Henrique Bragato Barros

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

11

Natália Bolfarini Tognoli

Universidade Federal Fluminense (UFF)

11

Clarissa Moreira dos Santos Schmidt

UFF

9

José Augusto Chaves Guimarães

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

8

João Batista Ernesto de Moraes

Unesp

7

Sonia Troitiño

Unesp

5

Eliezer Pires da Silva

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio)

5

Evelyn Goyannes Dill Orrico

Unirio

5

Lúcia Maria Velloso de Oliveira

UFF

4

Ana Celia Rodrigues

UFF

3

Bianca Therezinha C. Panisset

UFF

3

Bruno Henrique Machado

Unesp

3

Johanna W. Smit

Universidade de São Paulo (USP)

3

Rafael Semidão

Universidade do Rio Grande (Furg)

3

Telma Campanha de Carvalho Madio

Unesp

3

Fonte: elaborado pelas autoras, 2021.

Observa-se que essa comunidade discursiva é composta exclusivamente por pesquisadores brasileiros oriundos de universidades públicas, como a Universidade Federal Fluminense (cinco), Universidade Estadual Paulista (cinco), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (um), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (dois) e Universidade do Rio Grande (um). Vale ressaltar que alguns dos artigos recuperados são publicações em coautoria, uma vez que alguns trabalhos são fruto de pesquisas desenvolvidas nos cursos de mestrado e doutorado, o que evidencia a formação de um domínio composto por autores interligados por meio de pesquisas acadêmicas no âmbito dos programas de pós-graduação em ciência da informação, no Brasil.

No entanto, como nem todos os autores publicaram em todos os capítulos analisados, optou-se por considerar como elite de pesquisa na OCA aqueles que publicaram a partir de cinco artigos em pelo menos dois capítulos da Isko dentre os aqui analisados, chegando-se ao número de oito, o que caracteriza um domínio de poucos autores. Nesse contexto, os autores que configuram a elite de pesquisa em OCA dentro dessa comunidade discursiva identificada são:



Figura 3 – Elite de pesquisa em OCA. Fonte: elaborado pelas autoras, 2021.


É importante destacar que no tocante à análise da produtividade, dos oito pesquisadores mais produtivos, apenas quatro publicaram em todos os eventos analisados (Barros, Tognoli, Guimarães, Moraes), sendo trabalhos em coautoria.

Considera-se, portanto, que esses autores configuram efetivamente uma comunidade discursiva, pois atendem as especificações elencadas por Swales (1990), conforme demonstra Silva (2021, p. 90) ao identificar:

um alto grau de concordância entre os autores no que tange à inserção das temáticas arquivísticas nos eventos da Isko, naturalizando a relação entre a arquivologia e a OC; um mecanismo de intercomunicação entre os membros, que pode ser considerado os capítulos onde os trabalhos foram apresentados e publicados; a apresentação de um repertório de gêneros textuais específicos, com tópicos e elementos formais do discurso que lhe são próprios, como as publicações em formato de capítulos de livros e artigos, nos anais dos eventos; e um léxico especializado, que pode ser observado a partir de um esforço por parte de alguns autores em definir uma estrutura conceitual para o termo organização do conhecimento arquivístico. (Silva, 2021, p. 90)

Outrossim, os resultados deste estudo corroboram aqueles apresentados por Silva e Tognoli (2019), que identificaram uma presença forte dos autores brasileiros nas publicações sobre a temática arquivística na OC a partir de uma análise de domínio nos periódicos Scire e Knowledge Organization.

Considerações finais

Diferentes disciplinas e campos científicos estão cada vez mais integrados no contexto do desenvolvimento científico e tecnológico atual, configurando espaços interdisciplinares de construção de conhecimento.

Considerando a Isko como um desses espaços, compreendida como um lócus privilegiado de pesquisa e desenvolvimento da OC, o presente trabalho teve como principal objetivo discutir as bases sobre as quais estão construídas as relações entre a arquivologia e a OC, com especial ênfase na comunidade de autores envolvidos nesse esforço de aproximação entre ambas, bem como nas dimensões e temáticas de pesquisa.

Os resultados revelaram uma comunidade discursiva emergente, formada exclusivamente por pesquisadores brasileiros que compartilham uma ontologia comum, qual seja, a compreensão incorporada, de forma consciente ou não, de que o conhecimento arquivístico, enquanto um conhecimento contextual, faz parte das discussões na OC.

Credita-se essa contribuição genuinamente brasileira à atuação dos pesquisadores da Universidade Estadual Paulista em um primeiro momento, notadamente a partir da ligação dos autores com a Isko (60% dos autores são ou foram filiados à Isko Brasil em algum momento) e com as pesquisas desenvolvidas no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da instituição, de onde advém a maioria dos autores (Barros, Tognoli, Guimarães, Moraes, Troitiño) que compõem a elite de pesquisa em OCA.

Sobre os âmbitos de pesquisa, a presença equilibrada dos trabalhos nas dimensões epistemológica e aplicada revela uma preocupação dos autores tanto com os SOC quanto com os POC em sentido amplo – em que ocorre a discussão epistemológica da divisão social mental do trabalho – e restrito – voltado à aplicabilidade e efetivação dos processos –, enquanto a dimensão política e social é negligenciada, o que evidencia que a arquivologia ainda não incorporou totalmente as discussões sociais emergentes nos últimos anos, como as teorias críticas, por exemplo, ou a verticalização dos debates sobre os valores éticos na OCA.

Por fim, a forte presença das temáticas classificação e descrição – consideradas processos nucleares na OCA – nos trabalhos analisados confirma a crescente relação entre as áreas e demonstra que os pesquisadores da arquivologia têm avaliado, ainda que de forma tímida, os eventos da Isko como um espaço de discussão acerca da teoria e prática da organização de seu conhecimento, qual seja, o arquivístico.

Referências

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Recebido em 14/10/2021

Aprovado em 11/1/2022



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